O sucesso é contraintuitivo

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O sucesso é contraintuitivo

01 de Julho de 2022

Somos de uma geração que, por muitos anos, ouviu conselhos e frases do tipo: “siga o seu instinto”, “siga o seu coração”, “siga a sua intuição…” Mas será que é por aí?

Antropologicamente falando, nosso cérebro é programado para lutar por nossa sobrevivência. Alimentar-se e estar saudável para correr, caçar, fugir de predadores e cuidar da sobrevivência da família, ao longo da história, foi a principal ocupação do cérebro humano.

Não faz muito tempo que o mundo que conhecemos começou a se estabelecer no final do século 19. Nessa curta jornada, a forma de vida que conhecemos, a relação de trabalho que praticamos diariamente mudou toda essa dinâmica.

Agora, mais do que nossa sobrevivência, alguns buscam o que se chama de sucesso, um conceito abstrato que se molda à missão de vida de cada indivíduo. Seja qual for essa missão, é possível desejar mais da vida e superar referenciais antes impossíveis de serem alcançados. Sim, é possível, porém, não é trivial. Mais do que isso, é contraintuitivo.

Neste novo cenário, haverá momentos de superação, de uma maior carga de trabalho, de riscos assumidos e de decisões que sacrificam o curto prazo em favor do longo prazo. Em todos esses exemplos, a maior luta será por sustentar essas decisões de pé, pois, em muitos casos, teremos que enfrentar um inimigo poderoso: nós mesmos. Tudo é contraintuitivo.

É intuitivo fazer o que não tem vontade agora em troca de colher frutos no futuro? Não.

É intuitivo negar convites de viagens para trabalhar num final de semana para bater uma meta importante? Não.

É intuitivo assumir riscos em vez de buscar a zona de conforto e a “estabilidade”?

É intuitivo resistir a impulsos consumistas para poupar a fim de conquistar sua liberdade financeira? Não.

É intuitivo ser regrado numa dieta em vez de comer tudo que der na cabeça? Não.

É intuitivo enxergar oportunidades em meio ao caos? Não.

Quase tudo que será necessário para que você tenha sucesso será resultado de escolhas contraintuitivas. Isso significa que, na regra do jogo do século 21, para chegar mais longe é preciso deixar nossos instintos de lado, ou melhor, é preciso ser líder de si mesmo para contrariar as estatísticas; mudar comportamentos; se determinar a ser fiel a decisões e pactos feitos para se atingir o tão desejado sucesso; cumprir sua missão e deixar um legado para as próximas gerações.

Agora, quer ficar estagnado? Ah, é bem mais fácil. É só seguir o seu instinto e deixar rolar suave…

Fonte: Flávio Augusto da Silva - Forbes